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Conhecendo o ácido hialurônico: uma substância presente na pele e nos cosméticos


  O ácido hialurônico (AH) possui fórmula molecular (C14H21NO11)n, Figura 1, sendo um polímero orgânico sem ramificações, formado a partir de ligações glicosídicas β-1,3 e β-1,4 que unem o ácido D-glicurônico (C6H10O7) e N-acetilglicosamina (C8H15NO6). Está presente principalmente no tecido epitelial, que equivale a 50% do total encontrado no ser humano, fornecendo à pele: hidratação, elasticidade e firmeza. Porém, essa quantidade diminui com o tempo de vida do indivíduo, sendo procurado como componente principal em diversos cosméticos e procedimentos injetáveis.

Figura 1: Estrutura do ácido hialurônico. Fonte: Academic, 2022.

Figura 1: Estrutura do ácido hialurônico.
Fonte: Academic, 2022.

  Tal substância foi descoberta e isolada por Karl Meyer e John Palmer, seu assistente, em 1934, na Universidade da Columbia, em Nova York, através do corpo vítreo do globo ocular de bovinos no Laboratório de Bioquímica. Posteriormente, em 1937, a produção de AH a partir de micro-organismos foi estudada, visto que Kendall e colaboradores perceberam que um componente da cápsula bacteriana, como a do gênero Streptococcus, era semelhante ao AH. Assim, utiliza-se processos fermentativos com essa bactéria para obtenção comercial do AH desde 1980, além de outros métodos, como a extração de tecidos animais e a síntese biológica com Organismos Geneticamente Modificados.

  Atualmente, sabe-se que em pH neutro, o AH se encontra na sua forma de poliânion, um polímero com cargas negativas em sua cadeia, sendo classificado como hialuronato. Já nos sistemas fisiológicos, está presente na sua forma de sal, o hialuronato de sódio, pois os íons de sódio (Na+) se ligam aos grupos éster (COOˉ) do ácido hialurônico. No ser vivo, ocorre a síntese do sal sódico do ácido hialurônico através das enzimas chamadas hialuronato sintase. Enquanto sua degradação, em geral, acontece por dois mecanismos: a ação enzimática das hialuronidases, por meio de reações de hidrólise, e reações de oxidação por espécies reativas de oxigênio, que são instáveis devido aos seus elétrons desemparelhados e altamente reativas. Assim, o tempo de meia-vida do AH é de 24 horas na pele.

  O hialuronato possui diferentes massas moleculares e pode adotar várias conformações, lineares ou esféricas, apresentando, com isso, propriedades interessantes, por exemplo: higroscopicidade, viscoelasticidade, viscosidade, biocompatibilidade, antioxidação etc.  A sua alta afinidade com água ocorre porque, em solução aquosa neutra, as ligações de hidrogênio entre água, carboxila e N-acetil são estabelecidas, assim, para 1 grama de AH podem se ligar cerca de 6 litros de água.

  Portanto, dada as várias regiões de ligação na molécula do AH, possibilitando modificações químicas a partir de grupos reativos, e as suas características, sua aplicabilidade é encontrada em inúmeras áreas, como: na dermatologia, com uso de preenchimentos faciais e produtos antienvelhecimento; na odontologia, para tratamento de implantes; na reumatologia, para auxiliar em procedimentos contra doenças no sistema articular dos ossos e na oftalmologia, como ingrediente de colírios.

 

Bibliografia

BEZERRA, Djéssika Eller. Ácido hialurónico: uma molécula versátil. 2021.

GOMES, Antonio Milton Vieira. Investigação das etapas limitantes durante a síntese de Ácido Hialurônico em Kluyveromyces lactis. 2021.

MORAES, BR de et al. Ácido hialurônico dentro da área de estética e cosmética. Revista Saúde em Foco, v. 9, n. 1, p. 558, 2017.

OLIVEIRA, Igor Rodrigues; FONTES, Lorena Vasconcelos. Roadmap Tecnológico do Ácido Hialurônico. 2020. Projeto Final (Engenharia Química) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, [S. l.], 2020. Disponível em: https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/12683/1/IROliveira%20-%20LVFontes.pdf.  Acesso em: 26 mar. 2022.

Ácido Hialurónico. Academic. Disponível em: https://es-academic.com/dic.nsf/eswiki/33766. Acesso em: 26 mar. 2022.