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O paradoxo de Peto


     O câncer tem como sua característica principal a reprodução desordenada de células defeituosas, que possuem características agressivas, sendo extremamente prejudicial as vidas de diversos mamíferos, no entanto, foi feita uma observação de que animais como elefantes e baleias apresentavam uma incidência muito menor de casos de câncer quando comparado a humanos ou camundongos, o que gera uma contradição, visto que esses mamíferos de grande porte apresentam um número de células muito maior do que os animais de pequeno porte, essa observação foi batizada de Paradoxo de Peto, em homenagem ao professor de medicina e epidemiologia Richard Peto.

     Com a observação desse fenômeno foram elaborados meios de como explicar por que isso ocorre, uma delas é que animais maiores, por terem maior probabilidade de desenvolver células defeituosas, ao longo dos anos evoluíram selecionando os seres que possuíam melhores defesas ao câncer, como um gene chamado TP53, que identifica erros nas sequências de DNA e os conserta, que é escasso em humanos e abundante em rinocerontes pelo que indica estudos das universidades de Chicago e Utah. Outro gene descoberto que possui propriedades de defesa contra o câncer é o LIF6, encontrado em elefantes, que é considerado um gene “morto”, porém na presença de outro gene chamado p53 (responsável por identificar células cancerosas), o LIF6 produz proteínas capazes de inativar mitocôndrias, eliminando células malignas.

     Há também outra explicação possível para essa questão, os hipertumores, tipos de tumores gerados a partir de defeitos gerados nas células que já apresentavam defeitos, ou seja, um novo tumor gerado a partir de um tumor pré-existente, entretanto, que não coopera com o tumor original, assim as células de ambos tumores disputam por nutrientes, matando umas as outras, fazendo com que nenhum dos tumores consigam se desenvolver, mas esses tumores só poderiam ter seus efeitos imperceptíveis em animais maiores, afinal para que um hipertumor se desenvolva é necessário que o tumor original apresente um crescimento considerável, sendo que esse crescimento pode ser letal para ratos por exemplo, pois o tamanho e massa do tumor em relação ao corpo do rato seria muito mais perceptível do que um tumor de mesmo tamanho e massa em um mamífero de grande porte como uma baleia, assim somente animais de grande porte poderiam conviver com tumores até que os hipertumores se desenvolvessem, diminuindo a frequência de mortes por câncer nesses animais.

 

Referências:

Natterson-Horowitz, Barbara; Bowers, Kathryn (2012). Zoobiquity: O que os animais podem nos ensinar sobre Saúde e da Ciência da Cura . Alfred A. Knopf. ISBN  978-0-307-95838-9 .

https://super.abril.com.br/ciencia/o-gene-zumbi-que-protege-os-elefantes-do-cancer/   pesquisado em 23/03/2020