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Afinal, como o álcool atua contra o coronavírus?


Os vírus são partículas que carregam uma pequena quantidade de ácido nucleico (seja DNA ou RNA) sempre envolvido por uma cápsula proteica denominada capsídeo. Esta cápsula é formada por glicoproteínas específicas para cada tipo de vírus. O SARS-CoV-2, vírus responsável por causar a Covid-19, é um vírus envelopado, e esse envelope viral o torna mais vulnerável e fácil de inativar. A superfície do envelope do SARS-CoV-2 é formada pela glicoproteína S (ver figura 1), esta é responsável por interagir diretamente com a enzima conversora de angiotensina 2 (hACE2) humana, ligando-se à mesma com uma afinidade elevada, entrando, deste modo, na célula do hospedeiro.

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O álcool etílico é utilizado no combate a covid-19 por possuir a capacidade de desativar o vírus, desnaturando sua cápsula glicoproteína S e consequentemente alterando suas propriedades físicas, química e biológica devido a alterações causadas na sua estrutura terciária. Além disso, a adição de álcool aumenta as interações polares na proteína e diminui interações apolares não locais. Isso resulta no acréscimo da formação de ligações de hidrogênio entre o álcool e a proteína, resultando em proteínas desnaturadas. Desta forma, o uso de álcoois ocasiona a desnaturação da glicoproteína S do SARS-CoV-2, consequentemente, impedindo de efetuar o reconhecimento molecular da enzima hACE2 e, portanto, causando a morte do vírus.

O álcool em gel 70% é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por ser considerado antisséptico, ou seja, é um produto que com a função de eliminar microrganismos patogênicos, e que é produzido com intuito de ser aplicado em tecidos vivos como pele e mucosas. De acordo com o Conselho Federal de Química é recomendo o uso de álcool em concentrações de 70%, uma vez que diversas pesquisas realizadas demonstraram que essa concentração é mais efetiva no combate de microrganismos patogênicos do que soluções mais concentradas ou menos concentradas. Pois a presença de água facilita a entrada do álcool na célula, além de retardar sua volatilização. Também não deve ser usado em baixas concentrações, uma vez que o álcool não irá matar o microrganismo, apenas desidratá-lo. Além disso, é válido ressaltar que o uso do álcool na forma de gel não é mais eficaz no combate ao vírus do que sua forma líquida, porém é mais recomendado por ser menos inflamável e mais fácil de utilizar.

 

Bibliografia:

CUNHA, Humberto Vinicius Faria. “Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o álcool absoluto?” Disponível em: <https://foodsafetybrazil.org/afinal-por-que-o-alcool-70-e-mais-eficaz-como-bactericida-que-o-alcool-absoluto/> Acesso em: 13 de Maio de 2020.

RAMOS, Maria João; FERNANDES, Pedro Alexandrino. “O álcool contra a COVID-19”. Revista de Ciência Elementar, v. 8, n. 2, 2020.

STANGE, Paula. “Álcool líquido ou em gel: qual é mais eficaz para matar o coronavírus?” Disponível em: <https://www.agazeta.com.br/revista-ag/vida/alcool-liquido-ou-em-gel-qual-e-mais-eficaz-para-matar-o-coronavirus-0320> Acesso em: 13 de Maio de 2020.

“Vírus” em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2020. Disponível em: <https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/biovirus.php> Acesso em: 13 de Maio de 2020.