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O preço e a representatividade da ciência


Ao longo da história política do Brasil, a ciência sempre sofreu grandes perdas de recursos em períodos de crises político-econômicas, devido ao fato de que os governantes desse país não enxergam o avanço científico como um investimento válido, tal como foi abordado em uma matéria (1) deste mesmo site anteriormente.

Atualmente, a comunidade científica volta a sofrer sérias restrições orçamentárias. Um ponto de partida para essa situação pode ser entre 2015 e 2016, onde o programa Ciências sem fronteiras começou a perder verba até seu fim, em abril de 2017, para a modalidade de graduação. Nesse contexto, em março de 2017, o atual governo programou uma série de cortes em gastos públicos (2) e, dessa forma,  44 % do fundo federal foi cortado do Ministério de Ciência, tecnologias, inovações e comunicações (MCTIC), sendo que perda de recursos em outros departamentos governamentais foi, em média, de 28 % dos recursos.

Imagem 1 : Orçamento do antigo MCTI e atual MCTIC de 2010 á 2017. Fonte: NATURE

Imagem 1 : Orçamento do antigo MCTI e atual MCTIC de 2010 á 2017. Fonte: NATURE

 

 

Em represália a essas medidas que vem sendo tomadas ao longo de anos, houve manifestações de resistência, como abaixo assinados e a marcha pela ciência (3), que, apesar de um esforço válido, mostrou a falta de cientistas e simpatizantes engajados quando comparado ao número de participantes com outras edições da manifestação pelo mundo. Ainda dentro dessas reações vale evidenciar a iniciativa de criar um partido político exclusivamente dedicado a educação, ciência, tecnologia e inovação (4),(5).

Imagem 2: Marcha pela ciência em São Paulo. Fonte: Folha de São Paulo.

Imagem 2: Marcha pela ciência em São Paulo. Fonte: Folha de São Paulo.

 

A ideia de que os cientistas tenham um mecanismo de diálogo direto com os políticos, a fim de obter maior influência, parece interessante. Porém, os cientistas nacionais sempre tiveram dificuldade de conversar com o público civil. Dessa forma, se esse partido não se focar em uma área relativamente pouco proeminente, que é a de divulgação científica no Brasil, não obterá o apoio popular e, consequentemente, não obterá êxito em seus objetivos.

 

[1] PET QUÍMICA UFC. A criação do MCTIC e a relevância política da Ciência no Brasil. Disponível em: <http://www.petquimica.ufc.br/2017/05/a-criacao-do-mctic-e-a-relevancia-politica-da-ciencia-no-brasil/ >. Acessado em 21/09/17.

[2] NATURE. Brazilian scientists reeling as federal funds slashed by nearly half. Disponível em: < http://www.nature.com/news/brazilian-scientists-reeling-as-federal-funds-slashed-by-nearly-half-1.21766 >. Acessado em 21/09/17.

[3] FOLHA DE SÃO PAULO. Por que a marcha pela ciência foi um fiasco no Brasil? Disponível em: < http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/04/23/por-que-a-marcha-pela-ciencia-foi-um-fiasco-no-brasil/ >. Acessado em 21/09/17.

[4] ESTADÃO: Cientistas contemplam criar partido político para ter voz no Congresso Nacional. Disponível em: < http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/cientistas-contemplam-criar-partido-politico-para-ter-voz-no-congresso-nacional/ >. Acessado em 21/09/17.

[5] DRAGÕES DE GARAGBEM. Manifesto do Partido da Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação – PECTI. Disponível em: < http://dragoesdegaragem.com/wp-content/uploads/2017/08/manifesto_pecti.pdf >. Acessado em 21/09/17.

1Imagem 1: Disponível em: < http://www.nature.com/news/brazilian-scientists-reeling-as-federal-funds-slashed-by-nearly-half-1.21766 >. Acessado em 21/09/17.

Imagem 2: Disponível em: < http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/50213-marcha-pela-ciencia-sao-paulo >. Acessado em 21/09/17.