Figura 1: Aço.

Dificuldades do ensino de química para a comunidade surda


A educação é um direito garantido a todos pela constituição brasileira. Em uma sala de aula é possível encontrar uma diversidade de alunos, cada um com suas diferenças e dificuldades, inclusive alunos com deficiência auditiva. Devido ao advento da inclusão escolar, a rede regular de ensino passou a ter um aumento no número de matrículas de alunos com necessidades educativas especiais, incluindo alunos com deficiência auditiva.

Na educação básica a metodologia mais utilizada para o ensino de química ainda tem sido através de aulas expositivas, de forma tradicional, onde o aluno tem obrigação de memorizar fórmulas e conceitos passados pelo professor de forma mecânica, apenas para passar nos testes.

Para discentes surdos essa metodologia de ensino é inconveniente tendo em vista que esta se foca na oralidade e entre esses alunos a comunicação é feita através da língua brasileira de sinais (LIBRAS). A língua brasileira de sinais foi reconhecida por lei em 2002, um passo muito importante para a educação destes. Na rede regular de ensino, visto que, na maioria das vezes, o professor de química não domina libras, há a colaboração de um intérprete.

Um fator que pode atrapalhar o ensino para esses discentes é que muitas vezes não há sintonia na transmissão dos conhecimentos entre o professor, o intérprete e o aluno, podendo haver distorção. Esse fator pode ser agravado, pois no ensino de química há a necessidade da compreensão e construção dos conceitos científicos. Além disso, os termos utilizados para o ensino de química são específicos e muitos não possuem terminologias em libras, o que dificulta mais ainda a transmissão dos conceitos para os discentes com deficiência auditiva.

Algumas palavras utilizadas no ensino de química podem ter o significado confundido pelo aluno devido a terem duplo sentido, como por exemplo soluções, onde o aluno pode entender como sendo “solução de problemas”. Outro exemplo de palavra com duplo sentido é concentração, que pode ser confundido com “alguém concentrado”. Isso dificulta a aprendizagem do aluno no que diz respeito a disciplina de química.

Por conta dessa dificuldade na transmissão do conhecimento para os alunos com deficiência auditiva, a quantidade de discente que chegam ao nível médio é pequena e ao ensino superior é menor ainda. Segundo dados citados por Sousa e Silveira (2011) a quantidade de matrículas de alunos deficientes auditivos no ensino fundamental tem crescido, porém o mesmo não ocorre no nível médio e no nível superior. De um grupo de 466.155 alunos matriculados no ensino fundamental, há apenas 14.150 no nível médio e 11.999 no nível superior.

No Brasil, o ensino de química para a comunidade surda é deficiente, pois há falta de professores capacitados para lidar com esse tipo de aluno, quantidade de intérprete nas escolas e material de apoio. É importante que o professor de química conheça aspectos ligados a libras, para não depender unicamente dos intérpretes, ou seja, a educação inclusiva exige que haja uma formação mais adequada de professores para que seja superada essas dificuldades no ensino de química para a comunidade surda, e estes possam passar a ter uma participação social efetiva.

A seguir são apresentados alguns exemplos de terminologias utilizadas nas aulas de química:

Figura 1: Aço.

Figura 1: Aço.

Figura 2: Água.

Figura 2: Água.

Figura 3: Misturar.

Figura 3: Misturar.

Figura 4: Termômetro

Figura 4: Termômetro

REFERÊNCIAS

DE OLIVEIRA, Walquíria D.; DE MELO, Ariane Carla C.; CANAVARRO BENITE, Anna M. Ensino de ciências para deficientes auditivos: um estudo sobre a produção de narrativas em classes regulares inclusivas. Revista Electrónica de Investigación en Educación en Ciencias, v. 7, n. 1, 2012.

DE SOUSA, Sinval Fernandes; DA SILVEIRA, Hélder Eterno. Terminologias químicas em Libras: a utilização de sinais na aprendizagem de alunos surdos. 2011.

LINDINO, Terezinha Corrêa et al. Química para discentes surdos: uma linguagem peculiar. Trama, v. 5, n. 10, p. 145-158, 2009.