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Colorindo com Química


A cor do cabelo humano é determinada geneticamente pelo controle de 2 tipos de melanina: As Eumelaninas, principal pigmento dos cabelos castanhos e preto e as Feomelaninas, que se apresenta em grandes quantidades em cabelos cores loiros e ruivos.

 

Figura 1: Estrutura molecular (A) Eumelanina (B) Feomelanina

Fonte: Artigo - A química e toxicidade dos corantes de cabelo

Fonte: Artigo – A química e toxicidade dos corantes de cabelo

 

No entanto, muitas pessoas optam por pintar o cabelo, seja para celebrar uma conquista, marcar uma mudança de fase ou até mesmo por uma questão de estilo. Assim como outros processos que são feitos no cabelo, como uso de xampus e condicionadores ou alisamento, há muita química na colorização. Dessa forma, os corantes são classificadas em 3 tipos, cada um envolvendo conceitos diferentes; os temporários, os semipermanentes e os permanentes.

Corantes temporários

Nesse caso são utilizados corantes básicos ou ácidos de grande massa molecular que, através da formação ligações iônicas entre os sítios aniônicos e catiônicos, são depositadas sobre a cutícula ao se deixar a solução para secar no cabelo. Apresentam baixa toxicidade e são altamente solúveis em água, por isso facilmente removíveis em apenas uma lavagem.

 

Figura 2: Corante ácido amarelo 1

Fonte: Pubchem

Fonte: Pubchem

 

Figura 3: Corante base marrom 17

Fonte: Pubchem

Fonte: Pubchem

 

Corante semipermanente

As tinturas semipermanentes apresentam moléculas de tamanho intermediário, ou seja, baixa massa molar e, por isso, são capazes de penetrar a cutícula do cabelo e serem depositados no córtex. Dessa forma, não são facilmente removíveis, levando de 5 a 6 lavagens com xampu até necessitar de uma reaplicação. Além disso, causam menores danos permanentes ao cabelo, quando se comparado aos corantes que utilizam de processos de oxidação.

Estes corantes são caracterizados principalmente por nitroanilinas, nitrofenilenodiaminas e nitroaminofenóis que fixam-se no cabelo através de interação polar fraca e de Forças de Van der Waals.

Figura 4: Corante semipermanente 4-Amino-3-nitrofenol

Fonte: Pubchem

Fonte: Pubchem

Corantes permanentes

Por fim, os corantes permanentes são essencialmente formados após uma reação química dentro do fio de cabelo entre as substâncias precursoras de cor, que são oxidados antes de seu uso, e o agente acoplador. Além desses, é utilizado o peróxido de hidrogênio, que oxida as precursoras, na presença de amônia, para alcalinizar o meio. 

  • As precursoras consistem de aminas aromáticas orto e para-substituídas com grupos amino e/ou hidróxidos, como a para-fenilenodiamina
  • O H2O2 é o agente oxidante
  • O NH3 é utilizado para, além de manter um pH entre 8-10, promover a abertura das cutículas para facilitar absorção das demais substâncias e controlar
  • Os acopladores são formados por compostos aromáticos m-substituídos com grupos doadores de elétrons, tais como resorcinol que reagem com os produtos da oxidação das precursoras e dão uma nova cor aos cabelos.

Figura 5: Mecanismo de formação dos corantes permanente

Fonte: Artigo - A química e toxicidade dos corantes de cabelo

Fonte: Artigo – A química e toxicidade dos corantes de cabelo

A figura mostra duas vias possíveis para a reação entre a para-fenilenodiamina e o peróxido. Na via A, há presente o acoplador nucleofílico que reage com produto da oxidação (Quinonadiimina) para formar o corante leuco que é convertido no corante indoanilina dentro do fio de cabelo. Já na via B, a oxidação do intermediário pode formar compostos coloridos polinucleares gerados pela reação entre a diimina e a amina original formando a chamada base de Bandrowski, devido à ausência de um acoplador. Deste modo, o resultado da coloração depende da quantidade, composição e da natureza dos produtos formados.

A base de Bandrowski é uma quinona imina possuindo substituintes amino nas posições 2 e 5 e substituintes 4-aminofenil em ambos os nitrogênios da imina. Na literatura é relatado que o composto atua como um agente que aumenta a frequência de mutações, interagindo diretamente com o DNA e também que pode causar o surgimento de reações alérgicas.

As vantagens de utilizar esse tipo de corante é devido sua versatilidade, facilidade de aplicação e principalmente durabilidade da cor, porém, como consequência, há diminuição da maciez, brilho e dificulta o ato de pentear o cabelo. Além disso, as permanentes apresentam toxicidade maior se comparadas as outras, pois as substâncias utilizadas são altamente reativas e podem afetar a saúde ao serem absorvidas pela pele causando efeitos mutagênicos ou carcinogênicos. Portanto, é importante frisar que é indicado um uso moderado dessas substâncias. 

 
Bibliografia

DAREZZO, Ana. A ARTE DE COLORIR OS CABELOS. Disponível em: <https://www.quimicadabeleza.com/a-arte-de-colorir-os-cabelos/>. Acesso em 13 de abril de 2020.

G. de OLIVEIRA, Ricardo et al. A química e toxicidade dos corantes de cabelo. Disponível em:<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422014000600019>. Acesso: 13 de abril de 2020