No contexto atual, o mundo enfrenta uma pandemia causada pela doença Covid-19, a qual mudou os hábitos dos indivíduos, dentre eles o uso de um novo acessório: a máscara de proteção. Inicialmente, sua recomendação era prioritária aos profissionais da saúde para evitar a escassez desse Equipamento de Proteção Individual (EPI). Contudo, após um estudo do periódico Science identificar que os portadores assintomáticos são responsáveis por mais de 60% do contágio do novo coronavírus, ampliou-se esse item à população, a fim de ajudar na prevenção contra o vírus. Diante disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) no Brasil sugeriu o uso de máscaras de pano para os cidadãos, diferente das usadas pelos profissionais, como a N95 e a PFF2.
A máscara feita de tecido tem função de barreira contra aerossóis que tenham agentes infecciosos, como o vírus da Covid-19. O aerossol é um coloide em que sua fase dispersa está no estado gasoso, entrando em contato com o ar através do espirro, da tosse e da fala. A filtração desse coloide é baseada em cinco mecanismos: gravidade, inércia, interceptação, difusão e atração eletrostática. Assim, para partículas entre 1 e 10 micrômetros (µm) atuam os dois primeiros, já entre 100 nanômetros (nm) e 1µm é por difusão pelo movimento browniano e por interceptação pelos filtros da fibra do tecido, por fim, para as nanométricas, ocorre atração eletrostática, devido a sua baixa massa. Com isso, o tecido tem que ser capaz de reter a maior parte dos aerossóis, cujo tamanho são menores que 5 µm.
A partir disso, foi realizada uma pesquisa publicada na revista ACS NANO, através do método Imagem e Espectroscopia Óptica e do equipamento Nano Scam, sendo possível medir a concentração de partículas antes e depois delas atravessarem diferentes tecidos comerciais, camadas e combinações entre elas. Assim, a união do algodão, uma fibra natural, e o chiffon, uma fibra natural ou sintética, apresentaram 99,2% de eficiência de filtração para partículas maiores que 300 nanômetros, com erro de 0,2% para mais ou para menos. De tal forma que o chiffon fica em contato direto com o rosto.
Isso pode ser explicado porque o algodão funciona como barreira física, utilizando-se da gravidade, da inércia, da interceptação e da difusão para a filtração. Enquanto o chiffon atua como barreira eletrostática.
Apesar da eficiência desta combinação para a máscara caseira, é importante que cuidados sejam tomados com ela, a fim de manter sua funcionalidade, tal como usá-la por no máximo 3 horas e trocá-la sempre que estiver úmida, pois o algodão é uma fibra têxtil hidrofílica, ou seja, seus grupamentos de hidroxila (-OH) da celulose interagem por ligação de hidrogênio com as moléculas de água presentes no ar, ficando úmida mais rapidamente. Segue abaixo outros cuidados dados pela Nota Informativa do MS.
Diante disso, vale ressaltar que o uso de máscara feita de tecido deve ser confortável e respirável, a fim de evitar incômodo e manuseios. Além disso, ela não substitui as outras medidas preventivas, como distanciamento social, higienização das mãos e etiqueta respiratória.
BIBLIOGRAFIA
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