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A evolução como evidência que o coronavírus não foi “produzido” em laboratório


O primeiro passo para entender essa pandemia são as nomenclaturas envolvidas, sendo a COVID-19, a doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. Muito se especula, na sociedade civil, a origem desse patógeno que muitas vezes é alvo de boatos, sendo o mais comum deles, como uma arma biológica. O intuito desse texto é mostrar, por comparação filogenética, que essa calamidade global é fruto do mais elegante (muitas vezes mortal, no caso desse vírus) espetáculo da terra, a evolução.

Depois do surto, em 2002, ocasionado pelo SARS-CoV, na região sul da China, o interesse da sociedade científica se voltou ao corona vírus. Tal surto infectou 8000 pessoas e com 774 mortes registradas.  Os cientistas mapearam os genes tanto do vírus da SARS quanto de outros coronas presentes em animais silvestres como morcegos, ratos e etc., que representam um ”grande reservatório” de outras doenças. O constante contato humano com esses animais promove um “salto” de alguns patógenos, sendo os vírus, de um modo geral, os mais perigosos devido a sua facilidade de transmissão.

Assim como podemos saber sobre nossos antepassados, vasculhando os registros de nascimento dos pais, de avós e dos parentes antes deles, algo semelhante pode ser aplicado ao vírus. O que se propõe é uma comparação genética do SARS-CoV e SARS-CoV-2 e os demais coronas que rodeiam a região de Wuhan, onde ocorreu o começo do surto.

Usando bancos de dados genéticos, programas de alinhamento e edição, a comparação dos genomas virais com o SARS-CoV-2 mostrou os seguintes resultados:

Fonte: PARASKEVIS, D. et al.

Fonte: PARASKEVIS, D. et al.


Na imagem acima, temos o SARS-Cov-2 contra sequências do subgênero covirus. Regiões de discordância filogenéticas estão em cores. De 0 até 10901-pb (pares de base) as similaridades com a forma viral da SARS-CoV, do surto anterior, mostram baixas similaridades com o atual e na faixa de 10901-pb até 22830-pb, é onde ocorre um pico de similaridade e, na sequência, decai bruscamente. Na faixa de 22830-pb ocorre outro pico e também uma queda. No gráfico de filogenética mostra a localização do covirus de Wuhan levando em conta as faixas de pares de base e em todas as faixas as similaridades com as formas silvestres são muito idênticas. Fazendo essa análise com outros covirus, é perceptível a grande similaridade entre o SARS-Cov-2 com o covirus de ratos e morcegos, mostrando um maior parentesco com eles do que com a forma virulenta passada, o SARS-CoV.

Esses resultados, infelizmente, não provam qual animal passou, de fato, o covirus para os humanos, o que pode-se concluir é essa pandemia é causada por um vírus cujo parentesco passa distante das formas virulentas já registradas, desconstruindo as notícias falsas e boatos de arma biológica, no qual se fosse real o parentesco seria mais próximo de alguma outra forma já conhecida pela sociedade chinesa.

Bibliografia:

MARTIN, Darren P. et al. RDP4: Detection and analysis of recombination patterns in virus genomes. Virus Evolution, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 1–5, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1093/ve/vev003

PARASKEVIS, D. et al. Full-genome evolutionary analysis of the novel corona virus (2019-nCoV) rejects the hypothesis of emergence as a result of a recent recombination event. Infection, Genetics and Evolution, [S. l.], v. 79, n. January, p. 104212, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.meegid.2020.104212

WHO. Novel Coronavirus ( 2019-nCoV ). WHO Bulletin, [S. l.], n. JANUARY, p. 1–7, 2020.

ZHU, Na et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. New England Journal of Medicine, [S. l.], v. 382, n. 8, p. 727–733, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1056/NEJMoa2001017