Figura 2: Taça de Lycurgus, artefato utilizado no Império Romano (século 4  d.C.). (FONTE: The Trustees of the British Museum/Art Resource, NY/Divulgação.[2] )
FONTE: The Trustees of the British Museum/Art Resource, NY/Divulgação. The Lycurgus Cup
Disponível em: . Acesso em 07 de julho de 2017.

Nanotecnologia no passado: nanopartículas de ouro em vidro


Ao ouvir a palavra “nanotecnologia”, é comum pensar-se em algo recente ou futurista. Essa área de estudo, afinal, encontra-se em alta e é uma das mais promissoras dos últimos anos. O clássico discurso do ganhador do Nobel de Física de 1954, Richard Feynman, em 1959, gerou um “boom” na academia científica. Foi nele que o envolvente físico americano falou das muitas possibilidades que o mundo “lá embaixo” oferece, cativando e inspirando muitos. Todavia, mesmo que a nanotecnologia como ciência tenha explodido (se não iniciado) no século XX, o uso da nanoescala, aquela que está na faixa de nanômetros (10-9 m), não é recente na história humana. Até mesmo os estudos de Michael Faraday sobre o ouro coloidal no século XIX ainda são recentes em comparação com outras aplicações de nanopartículas.

Nós mesmos utilizamos o maquinário mais complexo desse tipo: aquele que permite a vida. Várias biomoléculas, tais como enzimas, são nanopartículas que permitem o funcionamento de nanomáquinas, como a ATP-sintetase, que, por sua vez, permitem o funcionamento de micromáquinas, as células. Mas o uso de nanopartículas para a tecnologia também não é algo que nasceu no último século ou no anterior.

Artesãos do século 4 d.C. já eram capazes de macerar ouro até alterar suas propriedades ópticas. A taça de Lycurgus, um artefato do Império Romano, é um exemplo de uso da nanotecnologia no artesanato. A taça é verde ao refletir luz externa, mas vermelha quando a fonte está em seu interior, justamente devido a nanopartículas de metais em sua constituição. Nanopartículas de prata dão a coloração esverdeada, enquanto as de ouro são responsáveis pela cor vermelha.[1]

Figura 2: Taça de Lycurgus, artefato utilizado no Império Romano (século 4  d.C.). (FONTE: The Trustees of the British Museum/Art Resource, NY/Divulgação.[2] ) FONTE: The Trustees of the British Museum/Art Resource, NY/Divulgação. The Lycurgus Cup Disponível em: . Acesso em 07 de julho de 2017.

Figura 2: Taça de Lycurgus, artefato utilizado no Império Romano (século 4 d.C.). (FONTE: The Trustees of the British Museum/Art Resource, NY/Divulgação.[2] )

Artesãos da Europa medieval também eram capazes de utilizar nanopartículas de ouro, mas para produzir vidraças com certos tons de vermelho. Zhu Huai Yong estudou a oxidação de contaminantes orgânicos no ar através de catalisadores de ouro. Para o professor, as nanopartículas contidas nas vidraças contribuíam para a qualidade do ar em igrejas medievais. À Queensland University of Technology, Zhu disse: “Por séculos, as pessoas apreciaram apenas os belos trabalhos de arte e a longa duração das cores, mas elas não percebiam que esses trabalhos também eram, em linguagem moderna, purificadores de ar fotocatalíticos, com catalisadores de ouro nanoestruturado.” [3]

 

Referências

  1. Freestone, I.; Meeks, N.; Sax, M.; Higgitt, C. The Lycurgus cup—a roman nanotechnology. Gold Bull. 2007. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/BF03215599>. Acesso em 13 de agosto de 2017.
  2. The Trustees of the British Museum/Art Resource, NY/Divulgação. The Lycurgus Cup. Disponível em: <http://www.britishmuseum.org/research/collection_online>. Acesso em 13 de agosto de 2017.
  3. QUEENSLAND UNIVERSITY OF TECHNOLOGY NEWS. Air-purifying church windows early nanotechnology. Disponível em: <https://www.qut.edu.au/news/news?news-id=19841>. Acesso em 13 de agosto de 2017.