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Jornalismo científico


O jornalismo cientifico é, acima de tudo, uma área do jornalismo, diferentemente da divulgação científica, informando sobre atualidades da área e sua relação com a sociedade, dentro das normas de escrita e estrutura jornalística.  Dentro dessa definição ainda temos o papel do jornalista, que funciona como um tradutor, transcrevendo as informações técnicas em termos de fácil acesso para quem não tem conhecimento prévio do assunto abordado[1].

Dentre as aplicações do jornalismo científico, tem-se a cobertura de eventos científicos, como congressos, cursos e oficinas, acompanhamento jornalístico de linhas de pesquisa, sejam de universidades ou empresas privadas, e difusão científica para todas as camadas da sociedade.

A importância da divulgação e do jornalismo científico é inegável, mas ainda precisam ser discutidos vários tópicos, como uma relação mais sólida entre os pesquisadores e os jornalistas, apoio financeiro, o que pode ocorrer por parte de instituições privadas ou públicas, meios para tornar os conteúdos acadêmicos mais interessantes para o público em geral e potenciais canais para incrementar o alcance de divulgação.

Os focos do jornalismo científico são as ciências da natureza e as aplicações tecnológicas, que envolvem diversas formas de engenharias e biomedicina. Essa escolha de áreas está relacionada com seleção de temas para a escrita jornalística, que deve levar em consideração o impacto social e o conhecimento do editor[2].

A escolha de informações envolve diversos fatores, como pioneirismo, impacto social, relação com os acontecimentos que estão em foco na atualidade, necessidades populacionais, diversidade de conteúdo e aplicações para diversos setores.

Outro grande problema na escolha de materiais a serem reportados é a forma do trabalho científico, que pode ter aplicação imediata na sociedade ou contribuir para o progresso de uma pesquisa importante. Para esse último caso, o jornalismo pode impulsionar a pesquisa divulgando-a para a sociedade, mas o editor pode não investir devido ao risco de publicar uma matéria sobre um trabalho que não está completamente direcionado, ou seja, que ainda não possui uma aplicação bem definida. Por outro lado, o excesso dessas matérias sobre pesquisas puramente de contribuição pode acabar criando uma imagem errônea de que a ciência nunca chega na aplicação de suas pesquisas1.

O jornalismo científico no Brasil começou juntamente com os primeiros jornais, mas só começou a se especializar no assunto há pouco tempo, tendo um de seus pontapés a criação, em 1977, da Associação Brasileira de Jornalismo Científico. Essa maior atenção ao jornalismo possibilitou a criação de revistas focadas no meio científico, como a Ciência Hoje e a Superinteressante[3].  Outro evento importante nesse contexto histórico do Brasil foi a criação, em 2003, do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia, que é um órgão diretamente ligado ao governo.

No Brasil, um dos principais nomes do jornalismo científico é o Dr. Wilson da Costa Bueno, ex-professor de Jornalismo (com foco na área do jornalismo científico) da USP, editor de vários sites e empresas de comunicação, divulgação cientifica, agribusiness e meio ambiente, especialista em comunicação rural e ex-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC). Outro grande nome é a Dra. Luisa Medeiros Massarani, que atualmente trabalha no Núcleo de Estudos da Divulgação Científica da Fundação Oswaldo Cruz, além de ser pesquisadora associada honorária do Departamento de Ciência e tecnologia da University College London e líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Ciência, Comunicação & Sociedade.

Ainda há muito trabalho a ser feito para o aprimoramento do jornalismo científico, mas essa é umas das áreas de estudo mais promissoras nesses últimos tempos devido ao seu potencial de conscientização do mundo acerca da produção científica.

[1] DE SEMIR, V., Scientific journalism: problems and perspectives., International microbiology : the official journal of the Spanish Society for Microbiology, v. 3, n. 2, p. 125–128, 2000.

[2] BERTOLLI-FILHO, Claudio, Elementos fundamentais para a prática do jornalismo científico, Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação (BOCC), p. 1–32, 2006.

[3] Ibid.

 

Referências Bibliográficas:

BERTOLLI-FILHO, Claudio. Elementos fundamentais para a prática do jornalismo científico. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação (BOCC), p. 1–32, 2006.

DE SEMIR, V. Scientific journalism: problems and perspectives. International microbiology : the official journal of the Spanish Society for Microbiology, v. 3, n. 2, p. 125–128, 2000.

CINCO VISÕES SOBRE O JORNALISMO CIENTÍFICO NO PAÍS. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2018/08/31/cinco-visoes-sobre-o-jornalismo-cientifico-no-pais> Acesso em: 06/03/2019

BONS DIVULGADORES E JORNALISTAS CIENTÍFICOS BRASILEIROS. Disponível em: <http://assuperlistas.com/2016/09/12/bons-divulgadores-e-jornalistas-cientificos-brasileiros/> Acesso em: 06/03/2019