WhatsApp Image 2020-09-05 at 01.53.01

Atividade química dos Óleos Essenciais no combate ao mosquito Aedes aegypti e suas propriedades


            O mosquito Aedes aegypti transmite doenças como a dengue, o Zika Vírus, a Chikungunya e a febre amarela urbana. Seu comportamento antropofílico e sinantrópico, isto é, sua capacidade de mapear atividade humana e de se adaptar aos centros urbanos, causa uma grande preocupação à saúde pública. Uma das formas de controlar sua incidência é o uso do inseticida sintético do grupo químico organofosforados (Figura 1) com ingrediente ativo Temefós, C16H20O6P2S3 (Figura 2). Contudo, tal produto causa danos ao meio ambiente e ao ser humano, assim, produtos de origem vegetal como os Óleos Essenciais (OE’s) se tornam uma alternativa à prevenção desse vetor por conta das suas propriedades medicinais.

1

2

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1 – Estrutura molecular geral dos Organofosfarados.          Figura 2- Estrutura molecular do Temefós.

 

           Os OE’s provêm de plantas aromáticas, possuindo uma composição química relativamente complexa, desde dezenas até centenas de compostos bioativos. Dentre os seus vários constituintes, pode-se citar: ésteres, fenóis e terpenos. Os compostos terpênicos de fórmula geral C5H8 estão em maior abundância. Eles são responsáveis pelo aroma, por repelir ou atrair animais e pela ação antioxidante, pois suas ligações duplas conjugadas, através de uma quebra de cadeia, agem na remoção de radicais livres. Nesse sentido, a partir de estudos com os OE’s atóxicos Alpinia zerumbet (Jardineira ou Colônia), Aniba rosaeodora Ducke (Pau rosa) e Pimenta dioica Lindl. (Pimenta da Jamaica), por exemplo, foi possível perceber também atividade larvicida diante das larvas do mosquito Aedes aegypti.

           O potencial larvicida foi determinado a partir de dados obtidos por meio de ensaios de concentrações do OE’s em presença de larvas do mosquito e é classificado a partir de critérios baseados na concentração letal (CL). Desse modo, o óleo que obtém CL50 < 50ppm é altamente ativo, CL50 < 100ppm é ativo e CL50 > 100ppm é não ativo. Assim, A. zerumbet apresentou CL50 de 50,7ppm, A. roseadora de 41,07ppm e P. dioica de 26,91ppm, concluindo-se que todas possuem uma ação eficiente contra o Aedes Aegypti. Além disso, tal atividade inseticida pode ser atribuída ao seu maior constituinte químico ou ainda ao efeito sinérgico das substâncias presentes. Desse modo, através da extração dos OE’s pela técnica de hidrodestilação e da secagem por percolação com sulfato de sódio (Na2SO4) foi possível identificar os seus constituintes pela Cromatografia Gasosa acoplada ao Espectrômetro de massas (CG- EM). Por exemplo, o β-linalool, um monoterpeno alcoólico de fórmula molecular C10H18O (Figura 3), que está em 63,16% no A. rosaeodora age em conjunto com outras substâncias no sistema colinérgico de insetos, propiciando a quebra do sistema nervoso.

3                                        Figura 3 – Estrutura molecular do (R)-( – )-linalool

 

 

           Diante disso, os Óleos Essenciais possuem inúmeras propriedades químicas e medicinais, sendo uma alternativa mais sustentável e econômica aos inseticidas para o combate do mosquito da dengue, além de apresentar outros benefícios à saúde de acordo com comprovações científicas.

 

Referências:

Temefós Fersol 500 CE. Fersol. Disponível em: https://www.fersol.com.br/copia-temefos-1g. Acesso em: 26 ago. 2020.

admingreenblog .TERPENOS: O QUE SÃO E QUAL SUA IMPORTÂNCIA. Green Power, 5 nov. 2018. Dicas de cultivo, Dicas Green Power. Disponível em: http://www.greenpower.net.br/blog/terpenos-o-que-sao/. Acesso em: 26 ago. 2020.

MÉLO, Maria Eliane Bezerra de et al. Ação mutagênica do inseticida organofosforado temefós em células de medula óssea de camundongos. Revista do Instituto Adolfo Lutz (Impresso), v. 67, n. 3, p. 196-201, 2008.

KÖRBES, Daiane et al. Alterações no sistema vestibulococlear decorrentes da exposição ao agrotóxico: revisão de literatura. Revista da sociedade brasileira de fonoaudiologia, v. 15, n. 1, p. 146-152, 2010.

MARTINS, Thércia Gabrielle Teixeira et al. Atividade larvicida do óleo essencial de Pimenta dioica Lindl. frente as larvas do mosquito Aedes aegypti. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, p. e151985518-e151985518, 2020.

JÚNIOR, Paulo Sérgio Santos et al. Atividade larvicida do óleo essencial de Alpinia zerumbetfrente as larvas do mosquito Aedes aegypti. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, p. e194985578-e194985578, 2020.

FERREIRA, Aline Medeiro et al. Constituintes químicos, toxicidade, potencial antioxidante e atividade larvicida frente a larvas de Aedes aegypti do óleo essencial de Aniba rosaeodora Ducke. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, p. e520985663-e520985663, 2020.