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A Química por trás das picadas das formigas: o ácido fórmico e suas utilizações.


Se você já foi picado por uma formiga ou, até mesmo caiu em uma planta chamada Urtiga, provavelmente tenha sentido na pele, dor e uma forte sensação de ardência. Mas você sabe porque há a sensação de dor e ardência ao ter contato com a picada das formigas? A resposta para essa questão chama-se: ácido fórmico.

O ácido fórmico, também nomeado de ácido metanoico (CH2O2), é um líquido incolor a temperatura ambiente, possui massa molar 46,03 g.mol-1, é miscível em água e tem ponto de fusão e ebulição em 8,6°C e 100,6°C, respectivamente. Sua constante de dissociação ácida (Ka) é igual a 1,8×10-4. Trata-se de um ácido carboxílico de forma estrutural mais simples, como mostrado na figura 1. Dessa forma, esse ácido em contato prolongado com a pele humana causa irritações severas, além promover reações alérgicas, inchações e vermelhidão no local designado.

Figura 1 – Estrutura química do ácido metanóico

Fonte: Manual da Química.

Fonte: Manual da Química.

Inicialmente, em 1961, esse ácido foi estudado pelo naturalista inglês John Ray, no qual realizou experimentos em formigas mortas para a obtenção do ácido fórmico, no qual ele descreveu o isolamento do composto ativo. Entretanto, a primeira síntese química desse ácido foi realizada pelo químico francês Joseph Gay Lussac, no qual utilizou ácido cianídrico (HCN) como material de partida. Já em 1855, outro químico francês, Marcellin Berthelot, desenvolveu a síntese a partir do monóxido de carbono (CO). Atualmente, é possível obter o ácido metanóico em laboratório a partir de duas etapas. A primeira é uma reação entre o monóxido de carbono (CO) e o hidróxido de sódio (NaOH), na qual o produto dessa reação é colocado, na segunda etapa, em meio ácido para a formação do ácido metanóico:

 

Figura 2 – Reação de obtenção do ácido fórmico

Fonte: Manual da Química

Fonte: Manual da Química

As formigas utilizam o ácido fórmico a seu favor, como um mecanismo químico de defesa. Ao contrair suas glândulas de veneno, o ácido é armazenado nessas glândulas no qual passa pelos ferrões e é impulsionado contra a vítima na forma de jatos (até a distância de 1 metro em algumas espécies). Tendo essa substância um pH de aproximadamente 2-3, ocasiona irritação na pele e a sensação de forte ardência.

 

Figura 3 – Representação das glândulas das formigas

Fonte: Química Nova Interativa

Fonte: Química Nova Interativa

 

Por fim, além de ser sintetizado em laboratório, o ácido fórmico também possui vasta utilização em escala industrial. Esse composto orgânico é utilizado em preparações de limpeza, curtimento ou acidificação, é usado como aditivo para graxas, ingrediente de medicamentos para reumatismo ou medicamentos vasoconstritores, ingrediente de cosméticos e regeneração do corpo, além de ser um aditivo para alimentos de animais e plantas.

No entanto, os ácidos carboxílicos são utilizados com muita frequência na indústria alimentícia, sendo o ácido fórmico usado para a conservação de alimentos. Geralmente, alguns alimentos como peixes em conserva, sucos, frutas e legumes mencionam um aditivo chamado E236 – representando a presença de ácido fórmico na composição. A baixa concentração do ácido não afeta o funcionamento do corpo humano, pois sua principal utilização é manter os alimentos frescos e combater os ataques de fungos patogênicos e bactérias. A conservação com o ácido fórmico facilita o armazenamento e o transporte de alimentos, principalmente aqueles perecíveis com prazos curtos de validade.

 

 

Referências:

[1] ÁCIDO FÓRMICO: O que é e para que serve essa substância. Pochteca Brasil, 2022. Disponível em: https://brasil.pochteca.net/acido-formico-o-que-e-e-para-que-serve/. Acesso em 13/01/2022.

[2] ÁCIDO FÓRMICO, CH2O2. Química Nova Interativa, 2022. Disponível em: http://qnint.sbq.org.br/qni/popup_visualizarMolecula.php?id=pqv3eCx1AqoyvoejQeiHUW9OuKS_rkdn8X1_KkwcCn2xKGAsMUbcGu29Q5OCSsTcZJynvYS5pYxZNsH5_8H0fw==. Acesso em 13/01/2022