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Reciclagem do Lixo Eletrônico e Economia Circular


O século XXI é destacado por muitos como a era da informação, da internet e dos rápidos avanços tecnológicos. A tecnologia se tornou um elo de ligação poderoso entre as pessoas, e chega a ser difícil imaginar o cotidiano sem um smartphone, um smartwatch ou um notebook. Entretanto, um impacto que pode passar despercebido é a geração de lixo derivado de itens como esses, o chamado lixo eletrônico ou e-lixo.

O lixo eletrônico representa os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE), sua produção se intensificou nos últimos anos associada a elevação do ritmo de consumo desses produtos, combinada ainda a redução dos seus ciclos de vida. O relatório “The Global E-Waste Monitor”, de 2020, apresenta que a quantidade de e-lixo gerada mundialmente passou de 44,4 Mt, em 2014, para 53,6 Mt em 2019 (FORTI et.al, 2020).

Tendo em vista essa elevada quantidade de lixo, se fazem necessários processos de reciclagem do REEE. Dentre os componentes do lixo eletrônico, os metais são os que chamam maior atenção, pois a indústria de eletroeletrônicos é uma das que mais demanda esses elementos químicos. Afonso (2018) indica que, no ano de 2010, a fabricação de celulares consumia 3% do Ouro, 3% da Prata, 13% do Paládio e 15% do Cobalto produzidos mundialmente. Dessa forma, recuperar os metais do e-lixo tem apelo não só ambiental, no sentido de reduzir a poluição, mas também econômico, retornando esses materiais para o mercado, podendo serem novamente utilizados em processos industriais, uma Economia Circular. Segundo Forti et.al (2020), da fração de REEE devidamente coletada em 2019, cerca de 4,0 Mt de material era possível de reciclar, sendo uma excelente fonte secundária de metais como Alumínio, Cobre e Ferro.

Dentre os processos utilizados para recuperar a fração metálica do lixo eletrônico está a chamada hidrometalurgia. Os procedimentos hidrometalúrgicos consistem na utilização de soluções aquosas de agentes oxidantes para oxidar os metais presentes na forma reduzida, sozinhos ou formando ligas. Os principais agentes usados são os lixiviantes ácidos, como o ácido clorídrico (HCl) e o ácido nítrico (HNO3) (AFONSO, 2018). Um dos metais presentes em maiores quantidades no REEE é o Cobre (Cu), que reage com o HNO3 conforme a reação I, sendo extraído na forma de Cu2+ .

Cu (s) + 4 HNO3 (aq) → Cu(NO3)2 (aq) + 2 H2O (l) + 2 NO2 (g) (I)

Um processo hidrometalúrgico típico é descrito na fluxograma a seguir:

Figura 1: Fluxograma do processo de hidrometalurgia

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Observa-se no fluxograma que com essa técnica é possível separar o resíduo em duas fases: uma sólida e uma em solução. A fase sólida corresponde aos materiais que não sofreram a ação oxidante dos ácidos, é o caso de metais preciosos como Ouro e Platina, que resistem bem à oxidação. A fase em solução corresponde aos metais que foram extraídos, estes podem ser novamente reduzidos a forma sólida através de processos eletroquímicos, como a eletrodeposição.

Nota-se que a reciclagem do lixo eletrônico surge como uma possibilidade interessante e alinhada ao desenvolvimento sustentável. No entanto, são necessários estudos para otimizar os processos utilizados. A hidrometalurgia, por exemplo, apesar do baixo custo em relação a outros métodos, como a pirometalurgia que baseia-se em tratamentos térmicos, têm como principal desvantagem a geração de grandes quantidades de resíduos aquosos corrosivos.

Referências:

 

1 – AFONSO, Júlio Carlos. Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos: O Antropoceno bate à nossa porta. Revista Virtual de Química, v. 10, n. 6, 2018.

 

2 – FORTI, Vanessa et al. The global e-waste monitor 2020. Quantities, flows, and the circular economy potential, p. 1-119, 2020.

 

3 – SILVA, M. T. B. Lixiviação ácida na recuperação de P2O5 do minério fosfático sílico-

carbonato. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET/MG. Araxá –

MG, 2018.