QUINTERESSANTE! Técnicas aplicadas na Química ajudam a provar autenticidade de papiros da época de Jesus

Há dois anos, a historiadora Karen King, da Havard Divinity School, trouxe ao público um papiro escrito na língua copta (extinta no século XVII), que continha as seguintes afirmações: “Jesus disse-lhes: ‘Minha esposa…’” e “Ela poderá ser minha discípula”. Embora a historiadora tenha afirmado que o papiro não constitui uma prova concreta de que Jesus Cristo tinha uma esposa, uma vez que o texto apresenta uma gramática pobre, estava borrado e possui origem incerta, a descoberta do papiro provocou grande polêmica e desconforto por parte dos cristãos, uma vez que, segundo a Igreja católica, Jesus não era casado e nunca teve relação com mulher alguma em sua vida.

Mas, como comprovar que esse papiro não é uma fraude? É justamente aí que os Químicos entram. Estudos realizados recentemente atestam que o papiro e a tinta são muito antigos e que não se tratam de uma fraude moderna. O pedaço de papiro foi analisado por professores da Universidade de Columbia por microespectroscopia Raman, para determinar a composição da tinta. O professor de engenharia elétrica, James Yardley, disse que o carbono da tinta preta no fragmento é perfeitamente consistente com outros 35 ou 40 manuscritos analisados e datados de 400 a.C até 700 d.C.

Figura 1: Papiro que menciona uma possível esposa de Jesus.

A técnica de espectroscopia Raman é muito utilizada na área de orgânica e sua aplicação é principalmente na identificação e caracterização de compostos. É uma técnica muito útil uma vez que as amostras para serem identificadas precisam de pouca ou até nenhuma preparação, sendo uma técnica não destrutiva. Isso ajuda a preservar a amostra e também é interessante citar o fato que de a umidade não interfere a leitura do aparelho, diminuindo assim as chances de falha de procedimento.

Já no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), o papiro foi submetido a espectroscopia por infravermelho, que é uma técnica muito utilizada juntamente com a espectroscopia Raman, para verificar a existência de mais de um tipo de tinta no documento, o que evidenciaria uma fraude. Mas como já era esperado, o teste deu negativo, comprovando a veracidade do papiro.

Por fim, podemos ver que, quimicamente, muitos tabus podem ser quebrados. Agora questões sociais e cristãs são resolvidas somente com o tempo. É interessante citar que, sem as técnicas amplamente difundidas por químicos, muitas descobertas, de todas as áreas do conhecimento, seriam prejudicadas e encaradas como fraudes.

Referências: