Foi amplamente noticiado e veiculado durante a semana passada e estendendo-se até esta semana, o latrocínio, roubo seguido de morte, do estudante Mardônio Freire Júnior, 19, que foi morto a tiros depois de ser abordado por dois assaltantes. Notícias e acontecimentos como esse fazem com que nós, moradores da cidade de Fortaleza, tenhamos alguns sentimentos em relação a este tipo de ocorrido. Afinal, qualquer um está sujeito a estas abordagens já que, segundo o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal do México, vivemos na sétima cidade mais perigosa do mundo, o Brasil divide o topo do ranking com Honduras, Venezuela, México e Colômbia:
O secretário de Saúde do Ceará Ciro Gomes afirma que este ranking é uma mentira pois é baseado em uma instituição mexicana e também afirmou: “Somos nem a 50ª posição no ranking do Ministério da Justiça” afirmativa foi uma resposta a transmissão de uma reportagem do ranking no programa dominical Fantástico.
A Universidade Federal do Ceará decretou luto de 3 dias pela morte do estudante do 5º semestre do curso de Direito e a Faculdade de direito teve durante este período, de 20 a 23 de março, todas as suas atividades suspensas em solidariedade à familia, amigos e colegas do estudante.
Além de uma nota de pesar oficial da Universidade Federal do Ceará, UFC, o Reitor Prof. Jesualdo Pereira Farias divulgou um artigo de autoria própria intitulado: Quando a violência se banaliza. Segue o artigo do Reitor da UFC.
A trágica morte do estudante Mardônio Freire enluta sua família, a Faculdade de Direito e toda a Universidade Federal do Ceará. É mais uma vida ceifada, mais uma jovem esperança que se esvai, em meio a uma escalada de violência que parece não ter fim e que coloca a sociedade inteira como refém do medo. O luto na Faculdade sinaliza a dor dos colegas e professores, mas também tem as cores da indignação. Há em todos o sentimento de que não podemos continuar somando perdas desse porte e de que é preciso dar um basta à criminalidade, devolvendo-se às famílias a segurança, que é um dos bens mais preciosos em país civilizado.
Preocupa, especialmente, a forma como se banalizou o ato de matar. Em qualquer rua ou bairro, a qualquer momento, marginais de todas as idades – adolescentes e até crianças – manejam com espantosa naturalidade as ferramentas da morte. E os tiros certeiros vão ampliando insidiosamente as estatísticas macabras. É aterrador, nos dias que correm, o número de jovens que têm tombado nessa guerra não declarada que se trava nas cidades brasileiras.
Se as guerras são assunto demasiado sério para ser confiado apenas aos generais, a violência urbana é algo por demais dramático para ser deixado somente em mãos das autoridades policiais. Está claro que o fenômeno sobrepuja a capacidade de um aparato meramente repressor. Os componentes sociais do fenômeno, que envolvem questões como as desigualdades sociais, o desemprego, a falta de opções de lazer, a precariedade da moradia, a ausência de perspectivas e, sobretudo, o alastramento do consumo de drogas, são fatores que tornam a criminalidade um problema extremamente complexo, em cuja solução deve envolver-se toda a sociedade.
A Universidade tem procurado fazer sua parte, no terreno de suas atribuições institucionais, e se tornou locus de importantes estudos sobre a violência. Compreendendo mais amplamente o fenômeno, nos habilitamos melhor para a tarefa de enfrentá-lo. A atitude mais desastrosa que qualquer instituição com responsabilidades sociais pode tomar, neste momento, seria resignar-se ao mero papel de espectador, enquanto nossos jovens são trucidados nas esquinas.
Jesualdo Pereira Farias
Reitor da UFC
Como viver em uma sociedade onde a vida não é tratada com o devido respeito? Fazemos sim a nossa parte, juntamente com a Universidade, como cidadãos que tem a oportunidade de estudar numa das melhores instituições de ensino público do país, mas a qualquer momento estamos sujeitos a situações como essa de medo constante, nos fazem pensar no quão bela é esta cidade que apesar de ser violenta é o lar da maioria do estudantes da UFC que assim como Mardônio, esperam por um futuro mais seguro para todos.
Fontes:
<http://www.opovo.com.br/app/politica/2014/03/24/noticiaspoliticas,3225299/ciro-gomes-diz-que-globo-mentiu-sobre-situacao-da-violencia-no-ceara.shtml> Acesso em: 25 mar. 2014, às 14:20h.
<http://www.tolucanoticias.com/2014/01/conoce-las-50-ciudades-mas-violentas.html> Acesso em: 25 mar. 2014, às 14:30h.
<http://www.ufc.br/noticias/noticias-de-2014/4871-artigo-do-reitor-da-ufc-quando-a-violencia-se-banaliza> Acesso em: 25 mar. 2014, às 14:35h.
<http://www.opovo.com.br/app/fortaleza/2014/03/20/noticiafortaleza,3223493/estudante-e-baleado-e-morre-depois-de-ser-assaltado.shtml> Acesso em: 25 mar. 2014, às 14:40h.