Desigualdade de gênero na educação do Brasil


Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) detectou desigualdades no desempenho escolar de meninos e meninas no Brasil.

O Programa Internacional de Avaliação de Desempenho Escolar (Pisa) traz dados relacionados ao ano de 2012, os quais mostram que o percentual de meninos com baixa pontuação nos testes é de mais de 45% no Brasil, enquanto meninas ficam abaixo de 40%. Tal programa avalia o desempenho em leitura, matemática e ciências de adolescentes de 15 anos. O Brasil ficou bem distante da média dos países-membros da OCDE, que é de cerca de 15% para meninos e 9% para meninas. Quanta diferença, não é mesmo?

“O Brasil tem um grande número de meninos que não conseguem atingir níveis básicos de eficiência em leitura, matemática e ciências. Ao mesmo tempo, é um dos países com uma das maiores disparidades de gênero nos estudos de matemática e ciência. São resultados preocupantes porque o país precisará de estudantes com boas qualificações nessas áreas se quiser incrementar seu potencial de crescimento econômico nos próximos anos”, disse à BBC Brasil Francesca Borgonovi, co-autora do estudo e analista de educação da OCDE.

Um ponto-chave do estudo da OCDE é o que a entidade classifica como ansiedade dos alunos diante de disciplinas como a matemática. Em média, detectou-se um índice de 27% de meninos e de 34% de meninas admitindo “grande nervosismo” para resolução de problemas matemáticos. No Brasil, os índices relatam em 43% para os meninos e 54% para as meninas.

Segundo a OCDE, o maior número geral de meninos tendo dificuldades em obter níveis básicos em leitura, matemática e ciências é devido a uma série de fatores. Há evidências de que podem ser causadas por diferenças de comportamento de gênero. Meninos, por exemplo, gastam uma hora a menos por semana fazendo o dever de casa do que as meninas – em média, elas dedicam 5,5 horas semanais para tanto.

A OCDE sugere que o passatempo esteja sacrificando hábitos de leitura de meninos, como o videogame que é tão usado pelos adolescentes e jovens. Esse estudo relata que mais de 60% dos meninos jogam videogame com frequência, número que cai para 41% entre as meninas.

A OCDE recomenda uma série de medidas como um pacote de soluções. Elas começam no lar, com pais dando apoio e incentivos iguais para filhos e filhas. Para o órgão, no entanto, as medidas passam também por uma atenção especial de professores, sobretudo aos alunos socioeconomicamente desfavorecidos. Um ponto especificamente ligado ao Brasil, já que a OCDE constatou uma diferença, por exemplo, de 83 pontos no desempenho em matemática em favor de estudantes de escolas particulares sobre os de escola pública, por exemplo.

Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/baixo-desempenho-do-brasil-em-teste-da-ocde-revela-tambem-desigualdade-de-genero-na-educacao.html> Acesso em: 8 mar. 2015.