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A papiloscopia e a técnica do pó na identificação humana


A papiloscopia é um ramo da ciência forense que tem como objetivo auxiliar na identificação humana através das papilas dérmicas. É dividida em três áreas:

Datiloscopia: estudo da identificação humana através das impressões digitais;

Quiroscopia: estudo da identificação humana através de impressões palmares;

Podoscopia: estudo da identificação humana através de impressões plantares.

Por não haver mais de uma pessoa com a mesma impressão digital, a utilização da datiloscopia para identificação é muito bem aplicável e merece destaque. Mas para visualização e coleta destas impressões digitais nas cenas de crime, foram desenvolvidas algumas técnicas como: a técnica do pó, vapor de iodo, ninidrina, nitrato de prata, entre outras.

Para entender como as técnicas datiloscópicas funcionam, é importante entender como são formadas as papilas dérmicas presentes nas mãos e sua composição química.

As papilas dérmicas são ondulações com formatos únicos em cada indivíduo, formadas onde a epiderme e a derme se encontram. Como mostra a figura 1, estas consistem em cristas papilares (c) e sulcos interpapilares (s), e são formadas entre 6 e 8 semanas do nascimento.

Figura 1. Papilas dérmicas.

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Fonte: <http://www.papiloscopia.com.br/noticias.html>.

Ao tocar em um objeto ou superfície, o suor das mãos acaba deixando o formato destas papilas dérmicas no local, o que é entendido como impressão digital. Pela composição do suor, sabe-se que 99% é água e 1% são materiais sólidos como aminoácidos, compostos nitrogenados, ácidos graxos, glicídios, lipídios e também alguns compostos inorgânicos como cloretos, sulfatos, fosfatos, sódio e potássio.

Desta forma, desenvolveram-se técnicas utilizando componentes químicos corantes, ou seja, que ao interagir com alguns componentes das impressões digitais, fosse possível a visualização das mesmas.

A técnica do pó consiste em aplicar uma fina camada de pó no local onde se pensa possuir impressões digitais. O pó adere sobre os compostos químicos, principalmente à água, presentes através de ligações de hidrogênio e forças de Van der Waals.

Alguns exemplos de pós são mostrados na tabela 1.

 

 

 

 

Tabela 1. Alguns tipos de pós usados em datiloscopia.

Composição
Fe2O3 Óxido de ferro (50%), resina (25%), negro de fumo (25%).
MnO2 Dióxido de manganês (45%), óxido de ferro (25%), negro de fumo (25%), resina (5%).
TiO2 Dióxido de titânio (60%), talco (20%), caulim (20%).
Metálicos Pó prateado (flocos de alumínio, quartzo), pó dourado (flocos de bronze, quartzo)
Fluorescentes Antraceno finamente pulverizado

Fonte: autor

É interessante notar que os pós fluorescentes requerem luz ultravioleta para visualização das marcas papilares, pois é necessário que o composto fluorescente seja excitado para emitir a luz. Estes são muito utilizados em superfícies coloridas, ou de coloração muito forte, onde é difícil distinguir algum desenho usando os outros tipos de pó.

Figura 2. Elucidação de impressão digital utilizando a técnica do pó.

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Fonte: Chemello, 2006.

É importante perceber que esta técnica se limita a impressões digitais recentes, uma vez que o principal componente ao qual se adere é a água. Impressões antigas possui porcentagem de água baixa, pois sofre evaporação, dependendo também da temperatura do local onde se encontra.

O responsável pela coleta das digitais em cenas de crime é o perito. Este deve aplicar o pó de maneira precisa e leve, pois as cerdas do pincel, se pressionadas fortemente, podem danificar o desenho das impressões. Além disto, cabe ao perito analisar as variáveis como tipo de superfície e tempo da digital para escolher com acerto o melhor pó químico a ser utilizado.

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

CHEMELLO, E. Ciência forense: impressões digitais. Química virtual. 2006.

INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS. Papiloscopia forense. Disponível em: <http://www.igp.sc.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=58&Itemid=78> Acesso em 14 de fevereiro de 2019.

IPOG. Papiloscopia: o que é e quais os desafios para trabalhar nesta área. Disponível em: <https://blog.ipog.edu.br/gestao-e-negocios/papiloscopia-trabalho-nessa-area/> Acesso em 14 de fevereiro de 2019

PAPILOSCOPIA. Estudo da pele. Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br/estudo_das_papilas.html> Acesso em 14 de fevereiro de 2019.